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Entrevista a Ulisses


A Companhia de Teatro EDUCA “nasceu” no ano letivo de 2009\2010, estreando-se no Auditório Carlos Paredes, em Lisboa, com o espetáculo “25 de Abril, história de uma Revolução”.

Desde então, o grupo tem vindo a crescer, sistematicamente, junto de alunos e de professores. Tem, presentemente, 91 espetáculos em cena e um grupo de 16 profissionais.

Após assistir à atuação da peça “Ulisses”, na Escola Básica João de Barros, no passado dia 24 de janeiro, um grupo de seis alunos da turma E, do 6º ano, teve a oportunidade de falar com o ator que desempenhou o papel principal na representação. Curiosamente, Ulisses é também o nome próprio do ator entrevistado. Chama-se Ulisses Ceia, tem 40 anos e é natural de Lisboa.


ALUNA – Boa tarde, em nome de todos os meus colegas, agradeço o facto de nos dar a possibilidade de fazer esta entrevista.

ATOR – É com todo o gosto!

ALUNA O seu sonho foi sempre ser ator, desde criança?

ATOR – O meu sonho não foi sempre ser ator. Primeiro, queria ser astronauta, depois cientista, bombeiro, jogador de futebol… todas essas coisas que as crianças querem ser. Só mais tarde é que decidi ser ator.

ALUNA – Desde quando soube que queria ser ator?

ATOR – Mais ou menos desde os 16 anos.

ALUNA – Se não fosse ator, que outra profissão gostaria de ter?

ATOR – Eu gostaria de trabalhar como carpinteiro, mas não tenho essa habilidade, ou então de trabalhar num restaurante como empregado de mesa ou de bar por causa do contacto com as pessoas.

ALUNA – Alguma vez já tentou desistir de ser ator?

ATOR – Já pensei em desistir, mas não fiz muito esforço por isso.

ALUNA – Em que Escola de Teatro estudou?

ATOR – Na Escola Profissional de Teatro de Cascais.

ALUNA – Com quantos anos começou a sua carreira de ator?

ATOR – Com 21, depois de acabar os estudos.

ALUNA – O que o motivou a representar?

ATOR – Não houve assim um motivo muito grande. Quis experimentar e, quando o fiz, gostei. Depois foi o percurso normal: fui para uma Escola de Teatro e, à medida que o tempo foi passando, fui gostando cada vez mais.

ALUNA – Como se sente quando está no palco?

ATOR – Sinto-me muito bem! Sinto-me, às vezes, cansado, mas confortável. É uma sensação muito boa.

ALUNA – E a primeira vez que pisou o palco? A sensação foi a mesma de sempre?

ATOR – Não, na primeira vez estava nervoso. Sentia medo, insegurança, porque pensamos sempre que podemos fazer qualquer coisa que interrompa ou estrague o espetáculo. Mas é impossível uma única pessoa interromper o espetáculo! Há sempre trabalho de equipa e as pessoas apoiam-se umas às outras. Sempre! Os atores, os técnicos, todas as pessoas que fazem parte do espetáculo estão sempre em sintonia e apoiam-se muito umas às outras! Quando nós não ainda não temos muita experiência, pensamos sempre que podemos falhar e é por isso que sentimos nervosismo e medo, mas depois tudo passa e a sensação é diferente.

ALUNA – Qual foi a peça que mais gostou de representar?

ATOR – A peça que mais gostei de representar foi “A vida de Esopo”, a minha prova de aptidão.

ALUNA – E a mais difícil?

ATOR – A mais difícil de representar deve ter sido a peça “Os Três Processos de Oscar Wilde”. Era fisicamente desgastante, tínhamos de estar parados muito tempo na mesma posição e doía tudo… era muito tempo!... A peça também era muito longa!… Foi mesmo difícil!



ALUNA – Sabemos que, desde 2011, pertence ao elenco da Companhia de Teatro Educa. Considera esta Companhia a sua segunda casa?

ATOR – Às vezes, até é a primeira, principalmente quando passamos temporadas muito grandes a fazer eventos no Norte. Nós somos de Lisboa, a nossa equipa vive na capital e eu também, mas muitas das vezes venho uma semana para o Norte. Vou no fim de semana a casa para estar com a minha família e depois volto na segunda-feira para mais uma semana no Norte. Em determinadas alturas é mesmo a primeira casa, mas na maior parte do tempo é a segunda.

ALUNA – Já representou outras personagens na peça “Ulisses”, sem ser Ulisses?

ATOR – Não.

ALUNA – Qual seria a outra personagem que gostaria de representar?

ATOR – O que eu não gostaria era de fazer o gigante (Polifemo), não sei andar de andas! Gostaria de representar… não pensei muito sobre isso, mas acho que qualquer uma das outras eu gostaria de experimentar.

ALUNA – Como é interpretar uma personagem tão famosa como Ulisses?

ATOR – É estimulante porque estamos a passar uma mensagem para vocês. É divertido porque acho que o texto está bem conseguido, está escrito de forma a nos divertirmos.

ALUNA – Qual foi a parte mais desafiante de representar na peça “Ulisses”?

ATOR – A parte mais desafiante, para mim, foi transformar uma personagem séria em alguém mais dinâmico, engraçado, mais próximo do público jovem. No princípio, nos primeiros espetáculos que eu fazia, era tudo mais rígido, depois, com o tempo, fomos por um caminho mais leve, mais próximo do público jovem.

ALUNA – Qual a sensação de fazer teatro para crianças?

ATOR – É uma sensação muito boa. É ótimo porque as crianças reagem de forma muito mais imediata que os adultos, não pensam se é para rir ou se é para chorar, só riem e só choram quando sentem vontade disso.

ALUNA – O que prefere: ser ator ou ser encenador?

ATOR – As duas coisas.

ALUNA – Porque decidiu a Companhia Teatro Educa fazer teatro para crianças?

ATOR – Tudo começou com a experiência de um espetáculo. Seguiram-se outros e, a partir daí, começamos a crescer e, às tantas, já éramos uma Companhia a sério.

ALUNA – Obrigada pela sua disponibilidade e desejamos-lhe boa sorte para o seu trabalho futuro.

ATOR – E eu agradeço esta oportunidade de falar de mim e da Companhia de Teatro Educa.



Alunos da turma do 6.ºE

Escola Básica João de Barros

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